terça-feira, 23 de setembro de 2008

Poesia do Começo


Não entendo
Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras.

Sinto que sou muito mais completa quando não entendo.
Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito.
O bom é ser inteligente e não entender.
É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice.
Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.


Clarice Lispector.(L)

2 comentários:

Letícia Lima disse...

http://lelalima.blogspot.com/2008/09/1-textinho-que-no-me-pertence.html

Letícia Lima disse...

clarice eh showwww